quarta-feira, 2 de novembro de 2011

NUVEM PRIVADA E O PROFISSIONAL DE TI.



Computação nas nuvens ou cloud computing são termos muito utilizados hoje em dia e tendem a ser cada vez mais utilizados, uma vez que as empresas estão descobrindo os benefícios de se migrar ou passar a operar na nuvem. Pesquisas recentes do IDC apontam que o mercado de Cloud Computing movimentou US$ 16 bilhões em 2010 e deve ser um mercado de US$ 56 bilhões até 2014.
Porém cloud computing, diferente do que se imagina, não se resume apenas ao modelo de compra de serviços, como hospedagem de site, e-mail e etc., providos por uma operadora em um local qualquer do mundo. Como profissional de TI, é preciso conhecer e entender todo o ecossistema de cloud computing para que no momento de tomada de decisão de qual serviço escolher, você tome a decisão correta. Do contrário, a decisão de ir para a nuvem pode se tornar uma dor de cabeça.
Analisando o mercado, podemos perceber uma outra tendência que vai exatamente contra o que se imagina com cloud computing, que é o crescimento no investimento com servidores internos. Nesse ponto, estamos falando de virtualização, que é um dos temas mais quentes do mundo de TI atualmente. O Gartner divulgou uma pesquisa onde aponta que 60% da carga de trabalho dos datacenters será de servidores virtuais até 2013.
Com essas análises, um ponto importante a se levar em conta é que o fato de a mudança de estratégia para a nuvem, diferente do que alguns profissionais têm pensado, não irá eliminar a função do profissional de TI. Muito pelo contrário. O futuro parece mostrar que a função do profissional de TI será vital para que a empresa possa adotar uma estratégia de nuvem.
Como podem tendências tão distintas caminharem lado a lado em um mundo de crise e redução de custos? Antes de falar dessa convergência de tendências, vamos entender melhor o que significa o termo cloud computing. Quando falamos em computação nas nuvens temos, basicamente (e outros modelos devem surgir em breve) 3 modelos que as empresas podem adotar para seus negócios:
SaaS, ou Software as a Service (Software como Serviço), no qual você tem um provedor de serviços específicos, como correio eletrônico, colaboração e etc. Neste caso, cobra-se um valor determinado por um serviço fechado para determinado número de usuários em que se tem poucas customizações. Um exemplo de SaaS é o Office 365.

PaaS, ou Plataform as a Service (Plataforma como Serviço), em que você tem uma plataforma para desenvolvimento de aplicações. O provedor do serviço fornece a plataforma para publicação de aplicações que podem ser executadas na nuvem de forma privada ou não. Um exemplo de PaaS é o Windows Azure.

IaaS, ou Infrastructure as a Service (Infraestrutura como Serviço). Aqui aplica-se o modelo chamado de private cloud, ou nuvem privada. Neste modelo de computação nas nuvens, temos a infraestrutura interna da empresa sendo gerida como uma nuvem para a companhia.

Antes de colocar os pontos que devem ser observados para uma implantação de nuvem privada, vamos entender o que têm feito as empresas adotarem o modelo IaaS.
Uma empresa de pesquisas chamada SandHill conduziu uma pesquisa com mais de 500 tomadores de decisão de TI na qual mostrou que mais de 50% destes optariam por uma solução de nuvem para prover agilidade aos negócios. Isso mostra que o TCO (Total Cost of Ownership - Custo Total de Propriedade) não é o principal ponto para a adoção de uma solução nas nuvens, como apontam os próprios provedores dessas soluções. Ainda, segundo a Information Week, 65% dos entrevistados para uma pesquisa sobre cloud computing apontam que a agilidade nos negócios é um fator importante para até mesmo migrar os atuais serviços para uma solução de nuvem.
Por outro lado, o mercado de servidores, segundo o IDC, deve dobrar até 2013. Como podem duas tendência tão distintas estarem conectadas? Uma das respostas é que as empresas pretendem, sim, adotar uma solução de computação nas nuvens, porém, em muitos casos, veremos uma solução de nuvem privada, ou IaaS.
As vantagens de uma solução de nuvem privada são várias. As principais delas são:

    - Possibilidade de customização do ambiente e aplicações. Ao contrário do SaaS, as aplicações são totalmente geridas pela equipe de desenvolvimento interna. Isso faz com que a companhia tenha total controle sobre as customizações da aplicação e maior controle sobre pontos importantes como backup/restore, delegação de permissões e outros itens onde em uma solução SaaS não existem muitas possibilidades.
    - Possibilidade de operar por demanda sem a necessidade de reavaliar contratos. Em uma solução SaaS ou PaaS, conforme a demanda é alterada e novos recursos se fazem necessários, é preciso reavaliar o contrato já existente. Já na solução IaaS, a infraestrutura da companhia pode ser utilizada seguindo apenas as regras internas da empresa.

Obviamente, alguns pontos devem ser observados e levados em conta em um projeto de implantação de nuvem privada:

    - Uma solução de nuvem privada, muito provavelmente, não terá a capacidade total de uma solução de nuvem pública. As infraestruturas disponibilizadas por empresas de solução de nuvem pública foram planejadas para milhões de usuários, até mesmo simultaneamente.
    - A manutenção de nuvem privada ficará a cargo da equipe de TI interna. Isso significa um custo adicional para companhia e capacitação de pessoal para manipular essa infraestrutura.

Como se pode perceber, é preciso fazer uma análise de qual solução de nuvem é a ideal para a empresa para que se possa tomar a decisão correta. Uma decisão incorreta pode levar a empresa a gastar mais do que se esperava com a solução, ou então fazer com que a solução não atenda as necessidades do negócio e dar a percepção que uma solução de nuvem não é viável e gastos adicionais tenham que ser feitos.
Após observar essas questões, pode-se entender como os investimentos em cloud computing e infraestrutura interna estão convergindo. A adoção de uma solução IaaS tem demonstrado muito interesse por diversas empresas que não querem perder o controle sobre seu ambiente, mas precisam de uma solução para agregar agilidade aos negócios e colocar a TI como uma aliada ao negócio da empresa e remover aquela velha percepção de que TI é um custo para a companhia.
Para que a infraestrutura da empresa seja vista como uma nuvem privada, alguns pontos devem ser observados:
O primeiro ponto é a utilização de virtualização: A virtualização vai permitir agilidade no provisionamento de servidores. Ao analisarmos o processo de provisionamento de um servidor físico, logo percebemos as vantagens de ser operar de forma Virtual. Para se colocar um servidor físico em funcionamento, é necessário passar por um processo de escolha de modelo e características de hardware junto ao fabricante. Em seguida, inicia-se o processo de compra interno que, dependendo da empresa, pode demorar até mesmo semanas para se obter todas as aprovações. O prazo de entrega do fabricante é outro ponto que pode atrasar o projeto de implantação e, mesmo após a entrega, deve-se iniciar o processo de implantação do servidor, além de configuração e parametrização. Isso sem falar nos custos de espaço, energia e refrigeração do datacenter. Com a utilização de virtualização, é possível provisionar um servidor em questão de minutos, e o processo se inicia à partir da configuração e parametrização.
Porém, a questão mais importante da utilização da virtualização está ligada ao segundo ponto de uma solução IaaS, que é a capacidade de alocar uma parte do ambiente para um projeto e, após concluído o projeto, remover o ambiente e disponibilizar os recursos para um outro projeto.
Antes de entrarmos nesse ponto, é preciso dizer que uma solução de nuvem privada, assim como as outras soluções de nuvem, no caso, as públicas, é projetada para atender sobre demanda e de forma automatizada. Um exemplo de software que provê uma solução de nuvem privada é o Microsoft System Center Virtual Machine Manager Self-Service Portal 2.0 (Ou simplesmente SSP - Self-Service Portal).

O SSP provê um portal no qual o requisitante da infraestrutura pode cadastrar sua unidade de negócio para que recursos do datacenter sejam disponibilizados à sua área. Esses recursos foram previamente configurados pelos responsáveis pela infraestrutura interna de servidores. Os recursos são vistos pelos utilizadores como um valor total e não apenas como recursos isolados de um servidor, dando a percepção de capacidade infinita.
Com isso , um requisitante de uma unidade de negócio pode solicitar os recursos que achar necessário da infraestrutura interna da empresa, sempre justificando as solicitações para um projeto determinado, indicando o início e término do projeto. Essa solicitação deve ser aprovada pelos administradores internos e uma vez que foi aprovada os recursos são disponibilizados e alocados à unidade de negócio. A partir desse momento, a unidade de negócio pode provisionar servidores virtuais, respeitando sempre o limite de recursos que foram disponibilizados para o projeto em questão. Esses servidores virtuais são provisionados com imagens já pré-definidas pela equipe de TI interna e estão prontos para operar. Caso a unidade de negócio necessite de mais recursos durante o projeto, é possível solicitá-los ao decorrer do mesmo, sempre respeitando a aprovação da equipe de TI.
Ao final da utilização, a equipe de TI é notificada de que o projeto de determinada unidade de negócio foi finalizado, e os recursos voltam a estar disponíveis para outras unidades de negócio. Além disso, é possível fazer o charge back, que vem a ser uma cobrança relativa ao tempo de uso dos recursos por uma determinada área, baseada em valores que foram definidos no momento da configuração do ambiente pela equipe de TI dentro do SSP. Com isso, a equipe de TI pode justificar os investimentos na área e alinha-se ao negócio da companhia.
No background de todo esse ambiente, está justamente o profissional de TI, indispensável para que todos esses processos e componentes funcionem de forma correta e harmoniosa.

Por Vinícius Apolinário

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