sábado, 3 de setembro de 2011

Manual de como enganar um brasileiro.(Exibido no Conexão Reporter)

Imagine-se nessa situação: um conserto de sua máquina de lavar louça que deveria custar 15 reais, vira uma conta de 150 reais, 10 vezes mais. Ou pior ainda, imagine-se levando seu filho de visão perfeita ao exame médico e ele sai do oculista com um óculos de grau que não precisa. Em questão está a credibilidade de muitas das assistências técnicas e serviços médicos espalhados pelo Brasil.

Nossa primeira missão é simular um defeito em dois equipamentos. Estamos munidos de um aparelho de DVD e uma máquina de lavar. Levamos os dois objetos para especialistas. Professores de engenharia elétrica de respeitadas faculdades vão criar as falhas no DVD e na máquina de lavar. Eles atestam que os aparelhos estão em perfeitas condições. Defeitos que em atendimentos honestos representariam um gasto mínimo.
Nossa equipe busca medir a credibilidade e a correção dos serviços. Como os consumidores se sentem numa situação como esta? Chegou a hora de irmos atrás do conserto do DVD. Deixamos o aparelho DVD em uma assistência técnica. Dias depois, com um orçamento de 108 reais, voltamos ao local para retirar o aparelho de DVD. O dono da loja chega e nosso cinegrafista é expulso do local. Precisamos registrar tudo pelo lado de fora. O proprietário alega que fez todas as trocas de peças de forma preventiva, para evitar futuros defeitos. Mas, em nenhum momento entraram em contato com o consumidor para aprovar, ou não, a substituição das peças. Para não deixar dúvidas, levamos o professor da PUC à assistência técnica. Ele confronta os argumentos de quem cobrou cinco vezes mais do que o normal.

 Agora nossa equipe pega um carro do ano de 2007 que passou por todas as revisões da montadora e não apresenta nenhum problema. Com a ajuda de um profissional especializado, simulamos um defeito no veículo e quando levamos a uma oficina só para fazer o orçamento, o homem cobra cem reais. Ele tenta nos convencer que é preciso arrumar o carro o quanto antes.

Seguimos para outra oficina e constatamos que não é só o preço que muda, mas os defeitos e as soluções dadas pelos mecânicos também não conferem. O mecânico apresenta um orçamento recheado: troca de bobina por R$ 280,00 , jogo de vela por R$ 60,00, limpeza dos bicos por R$ 140,00 e mão de obra por R$ 200,00. Tudo isso pelo valor total de R$ 680,00. Lembrando que este conserto deveria ser, no máximo, dez reais, segundo o professor de engenharia mecânica. Mas ainda existem os honestos, pessoas que abrem o capô do carro identificam rapidamente o problema.

Centro de São Paulo, mais precisamente rua São Bento, uma das mais movimentadas da cidade. Lá não faltam pessoas oferecendo exame de vista e a venda de óculos. Entramos em uma das óticas mais famosas da região. A recepcionista  assume ter convênio com um médico. Vamos ao encontro dele.  Para isso, escolhemos um produtor com uma visão perfeita. Para comprovar que ele não precisa usar óculos, ele será examinado por dois especialistas. O oftalmologista do hospital Albert Eistein garante a visão perfeita de nosso produtor. Um outro médico pós graduado em Harvard e professor da USP, dá o mesmo diagnóstico. 

Seguimos para a clínica no centro de São Paulo. Em poucos minutos, já estamos na sala do médico passando por exames. Ele prescreve meio grau de astigmatismo para o nosso produtor. Questionamos o médico da necessidade de fecharmos o negócio com a ótica que o indicou que nega o convênio. No dia seguinte, voltamos a clínica e mostramos a prova que o nosso produtor é um paciente em perfeitas condições. 

Imagine comer ao lado de baratas, ou então fazer as refeições em louças sujas. O Conexão Repórter investigou como está os serviços e a qualidade da comida dos restaurantes. Será que alimentos que sobram de um cliente são reaproveitados para outro? Para descobrir tudo isso, dois produtores se preparam para encarar o trabalho de auxiliar de cozinha.

Durante semanas, registramos o que acontece dentro dos restaurantes paulistas. Contratado, nosso produtor chega para o primeiro dia de trabalho. Estamos bairro de Pinheiros em um restaurante de culinária japonesa. Logo nos primeiros minutos, nosso produtor já tem uma missão: preparar cogumelos. Mas o produto está estocado em um recipiente não tem nenhuma tampa. Em cima do alimento tem um pote de margarina. O produtor separa os cogumelos. Em nenhum momento é pedido que ele lave as mãos e use luvas ou tocas higiênicas.

 Enquanto isso, um flagrante: damos de cara com uma barata na parede. Em seguida aparece outras e em poucos minutos, registramos três baratas. A cozinha está completamente imunda. O macarrão instantâneo usado para fazer yakissoba, um famoso prato japonês, fica exposto ao ar livre. Sem nenhuma proteção, a massa está na área externa do restaurante em cima de um botijão de gás. Ao lado, tem um peixe de molho em uma água suja. Tudo isso, bem perto do lixo e neste mesmo ambiente que o ralo serve de banheiro para os homens.

No segundo restaurante, em uma churrascaria no bairro do Pari, nosso produtor mais uma vez se passa por auxiliar de cozinha e repara um problema grave. Os pratos vazios não tem o mesmo peso. Assim, quem optar comer por quilo, vai pagar também o peso da louça. Nosso produtor questiona a dona do restaurante que simplesmente ignora. Na cozinha, uma sequência de erros: um funcionário limpa com o dedo a bandeja de salada de maionese. Ajudante, com os cabelos longos e soltos, espreme a laranja. E um pote de maionese é usado como jarra. Em seguida ela despeja o suco no copo e pede que nosso produtor sirva o cliente. O copo com gelo e limão já usado, volta para a cozinha. O garçom avisa ao nosso produtor que os limões são reaproveitados e mostra como deve ser feito. Pega o limão do copo, lava e devolve na tijela junto com os outros.

A maior arma do consumidor é a informação, o conhecimento de seus direitos. pesquise, questione, compare.  E se for o caso, denuncie.

                                                          Assista o video completo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário